Especialista explica riscos de procedimentos feitos por profissionais desqualificados
Segundo dados da Anvisa, nos três últimos relatórios anuais de denúncias, os serviços de estética e embelezamento são os serviços de saúde mais denunciados no Brasil. Em 2022, os serviços estéticos constam como 54,5% das denúncias e, ainda, 58,8% delas são consideradas prioridade máxima. Além disso, cerca de 90% das queixas no Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) são relativas a erros em procedimentos estéticos. E os procedimentos com injetáveis (preenchimento facial e botox) são, atualmente os mais buscado.
“Procedimentos como botox, preenchimento, rinomodelação, harmonização, entre outros, devem ser feitos por médicos que têm conhecimento da anatomia e funcionalidade da face e que têm a habilidade para determinar a quantidade e o local correto para aplicar o produto. Sem falar, na capacidade de lidar com as possíveis complicações”, alerta a dermatologista Erika Kinoshita. “Um erro milimétrico que seja pode levar o profissional a atingir uma veia ou artéria, causando sérios riscos, como cegueira, AVC, necrose e até a morte. Existe sempre uma porcentagem mesmo que pequena de risco, mas que aumenta se a pessoa que realiza não é um profissional habilitado”, explica a especialista.
O ácido hialurônico é um dos produtos mais procurados hoje. Existe uma crença de que o uso dele é menos perigoso, mas a médica faz um alerta: “As pessoas acreditam que o ácido hialurônico pode ser retirado, e de fato existe uma enzima que neutraliza o produto. Porém, é preciso saber a quantidade de ácido exata, e quando o profissional não é especializado, aplica na região errada, ele pode não conseguir reverter rapidamente e necrosar a região”.
Uma pesquisa publicada na revista Plastic and Reconstructive Surgery, revista científica de referência na área de cirurgia plástica apontou que os dermatologistas, brasileiros participantes da entrevista, reportaram um total de 47.360 procedimentos de preenchimento facial e 1032 complicações, dessa parcela dos que apresentaram algum erro, mais da metade foi feita por profissionais que não são médicos. “Especialistas que realizam os procedimentos precisam saber diagnosticar e reverter as complicações. Muitas vezes o problema acontece porque o profissional não sabe o motivo e nem o que fazer quando algo dá errado”, completa Erika.
A médica também explica que é importante passar por uma avaliação e ter um diálogo franco com o médico. “Alguns procedimentos não são indicados para pessoas que usam determinados medicamentos ou têm alguma patologia, pois elas possuem um risco maior de ter efeitos colaterais”, conclui a dermatologista.