Conheça alguns sinais da menopausa precoce, que traz sintomas físicos e emocionais à mulher

Ela se olha no espelho e não se reconhece. O rosto parece mais cansado, o humor mudou, a paciência foi embora sem avisar. A libido sumiu, o sono virou uma luta diária e a menstruação… desapareceu. Mas ninguém explica por quê. Em vez de acolhimento, ela escuta que está “estressada”, que “precisa relaxar”, que “é a vida”. Só que não é só estresse — pode ser menopausa precoce, e quase ninguém está falando sobre isso com a seriedade que merece.

Recentemente, a cantora Naiara Azevedo, de 35 anos, trouxe à tona esse tema ao revelar que está vivendo essa condição. Com coragem, ela expôs uma realidade que afeta milhares de mulheres e que, muitas vezes, é ignorada ou minimizada. Afinal, aos olhos da sociedade, ainda é “cedo demais” para que o corpo feche esse ciclo. Mas, aos olhos da medicina, trata-se de um assunto sério, que precisa ser compreendido e acolhido.

O que é menopausa precoce?

Também conhecida como insuficiência ovariana primária, a menopausa precoce ocorre quando os ovários deixam de funcionar antes dos 40 anos. Segundo dados da National Library of Medicine, cerca de 5% das mulheres enfrentam essa condição. E isso significa muito mais do que o fim da menstruação: é uma quebra inesperada num momento em que muitos planos — como a maternidade — ainda estavam no horizonte.

“A frase que mais ouvimos é: ‘não sou mais eu’ — e ela está certa. Algo realmente mudou, e não é invenção da cabeça”, explica a ginecologista Fabiane Berta, criadora do movimento MYPAUSA, que propõe uma nova forma de olhar para a saúde feminina no Brasil.

Fabiane destaca que o mais difícil não é apenas a perda hormonal, mas a falta de preparo emocional e acolhimento para lidar com uma mudança tão repentina. “Essa mulher esperava estabilidade e, de repente, se vê atravessada por uma transformação para a qual ninguém a preparou”, afirma.

Os sintomas vão além do físico

As manifestações da menopausa precoce são similares à menopausa natural: menstruação interrompida, ondas de calor, insônia, secura vaginal. Mas o impacto emocional costuma ser ainda mais profundo.

“O corpo parece ter mudado de código, como se estivesse envelhecendo antes da hora. Surge um luto silencioso, por tudo o que não foi vivido — o filho que não veio, os planos que não se concretizaram. Muitas mulheres demoram a procurar ajuda porque nem desconfiam do que estão passando”, diz Fabiane.

Para a psicanalista Ana Lisboa, especialista em saúde mental feminina, esse rompimento inesperado pode abalar profundamente a identidade da mulher. “Aos 36 ou 40 anos, ela ainda se sente no tempo do possível: possível gestar, possível planejar. E, de repente, tudo muda. O impacto psíquico é brutal”, afirma.

“Trabalhar esse rompimento exige mais que conhecimento técnico. É preciso escuta, sensibilidade e espaço para reconstruir a autoestima. Porque, enquanto a medicina cuida do hormônio, é a psique que tenta colar os pedaços da identidade que se partiu”, complementa.

O que fazer?

O diagnóstico exige atenção médica, escuta qualificada e exames hormonais. Em alguns casos, a causa pode ser genética ou resultado de tratamentos como quimioterapia e radioterapia. Em outros, a origem nunca será identificada — e isso já seria motivo suficiente para ampliar esse debate.

O tratamento mais comum é a reposição hormonal personalizada, mas nada disso funciona sem acolhimento, sem empatia e sem informação. A mulher que enfrenta a menopausa precoce precisa de apoio — não de julgamento, nem de frases feitas.

“Ela não está exagerando. Não está louca. E, definitivamente, não está sozinha”, reforça Fabiane. “Quando entende o que está acontecendo com seu corpo, ela começa a resgatar sua autonomia, sua identidade e sua saúde. Essa é a verdadeira medicina que precisamos praticar.”

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