Ingrid Silva: a bailarina que rompeu barreiras e inspirou o mundo na ONU
Na última sexta-feira (7), a bailarina Ingrid Silva fez história ao discursar na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, durante a celebração do Dia Internacional da Mulher. Ingrid, que é bailarina principal do renomado Dance Theatre of Harlem, foi a única brasileira a participar do evento, que trouxe o tema “Por TODAS as mulheres e meninas: Direitos. Igualdade. Empoderamento”.
Diante de líderes mundiais como o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e a Diretora Executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, Ingrid levou sua voz e sua trajetória como exemplo de resistência e transformação. Seu discurso ressaltou a importância da representatividade e do acesso a oportunidades, especialmente para mulheres negras no mundo da dança.
“O balé clássico tem sido predominantemente branco. Como uma jovem de oito anos de idade, negra, pensaria que sua jornada seria bem-sucedida? […] Fiz testes no Brasil para todas as companhias que você pode imaginar e adivinha? Não havia vagas para mim lá. Meu tipo de corpo, meu tom de pele, meu cabelo e todo o meu ser não se encaixavam na imagem estereotipada de uma bailarina. E isso alimenta a discriminação e as rejeições de empregos”, afirmou Ingrid.
Foi no Dance Theatre of Harlem, fundado por Arthur Mitchell, primeiro dançarino principal negro do New York City Ballet, que Ingrid encontrou um espaço para brilhar. Desde então, sua trajetória tem sido marcada por conquistas que vão muito além do palco: em 2020, suas sapatilhas – pintadas à mão por anos para combinarem com seu tom de pele – passaram a fazer parte do acervo do Museu Nacional Smithsonian de História e Cultura Afro-Americana, simbolizando a quebra de padrões dentro do balé clássico.
Em entrevista à Globonews, Ingrid enfatizou que sua fala na ONU simboliza a força das mulheres que desafiam barreiras e ressignificam espaços historicamente excludentes. “As experiências e perspectivas são valiosas e merecem ser reconhecidas. Compartilhar minha jornada é mostrar que todas podemos conquistar nossos sonhos”, disse.
Além de dançar, Ingrid também é escritora e ativista. Em seus livros, “A sapatilha que mudou meu mundo” e “A bailarina que pintava suas sapatilhas”, ela compartilha sua trajetória e inspira futuras gerações a acreditarem no próprio potencial. Em 2024, tornou-se a primeira bailarina clássica a se apresentar no palco do Rock in Rio e estreou como coreógrafa no Fire Island Dance Festival.
Com sua voz potente e seus passos firmes, Ingrid Silva segue inspirando mulheres e meninas ao redor do mundo. Sua história é um lembrete de que representatividade importa e que sonhos podem – e devem – ser conquistados, independentemente das barreiras impostas pelo caminho.