
A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais autênticas e mais potentes: Preta Gil. Mas mais do que uma artista, o Brasil se despede de uma mulher que fez da própria vida um manifesto de liberdade, amor-próprio e resistência. Filha de Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta construiu sua carreira com personalidade própria. Rompeu padrões estéticos, desafiou preconceitos e falou abertamente sobre temas que ainda são tabus para muitas mulheres — do corpo livre ao direito de amar como se quer, de viver com intensidade à luta contra o câncer.
Ao longo dos anos, Preta se consolidou como um símbolo de empoderamento feminino. Recusou-se a ser silenciada, mesmo diante de críticas cruéis sobre sua aparência, seu comportamento ou suas escolhas pessoais. Sua resposta sempre foi o afeto, a arte e a autenticidade.
Quando usava seu corpo para se expressar — seja com figurinos ousados nos palcos ou postagens sinceras nas redes — ela não estava apenas falando de si, mas de todas as mulheres que, em algum momento, se sentiram inadequadas por não se encaixarem em padrões impostos. Preta representava aquelas que ousaram ser diferentes, que aprenderam a se amar em sua plenitude, que encontraram força na vulnerabilidade.

Mesmo durante a luta contra o câncer, Preta transformou o sofrimento em conexão. Compartilhou medos, vitórias, quedas e superações com franqueza comovente. Com isso, humanizou a dor e mostrou que não há vergonha em ser frágil. Pelo contrário: há poder em ser real.
O legado de Preta Gil é, sobretudo, sobre liberdade. Liberdade de ser, de amar, de errar, de recomeçar. Uma liberdade que inspira outras mulheres a ocuparem seus espaços com orgulho e sem pedir desculpas.
Ela se despede de nós deixando uma trilha feita de música, mas também de coragem, afeto e luz. Que sua história continue a ecoar como um convite para que sejamos, cada vez mais, inteiras. Como Preta foi. Como Preta é.